sexta-feira, 27 de março de 2009

"Duas lições", de João Melo

I

Todos os materiais servem ao poeta:
o som de um tambor,
a angústia de uma mulher nua,
a lembrança de uma utopia.

A vida deposita, diariamente,
no altar profano da poesia,
a sua dádiva generosa:
estrelas e detritos.

E tudo a poesia sacrifica.

II

Para amar um poema,
é preciso ter coração e
sangue nas veias.

E que o poema seja uma carícia
ou um soco na boca do estômago.

(in Auto-Retrato)

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