sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

(Último poema de 2010)

Hora após hora, dia após dia
entre o céu e a terra que perduram,
vigilantes eternas,
como torrentes que se despenham,
assim passam as vidas.

Devolvei à flor o seu perfume
depois de ter secado;
das ondas que beijam a praia
e que, uma após outra, ao beijá-la expiram,
guardai os rumores, as queixas,
e em placas de blonze gravai a sua harmonia.

Tempos que passaram, prantos e risos,
negros tormentos, doces mentiras,
ai, onde estarão as suas marcas,
ai, onde estará, alma minha?

Rosalía de Castro
(in Nas Margens do Sar)

Sem comentários: