sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"Livro de História", de Charles Simic

Um miúdo encontrou as suas páginas soltas
Numa rua movimentada
Deixou de jogar à bola
Para correr atrás delas.

Elas escaparam-se das suas mãos
Voando como borboletas.
Apenas pode entrever
Alguns nomes, uma data.

Nos arredores o vento
Fê-las subir.
Foram arrastadas sobre o depósito de pneus usados
Em direcção ao rio cinzento,

Onde afogam os gatinhos -
E a barcaça desliza,
Aquela que crismaram Vitória
De onde um aleijado acena.

(in Previsão de Tempo para Utopia e Arredores; trad. José Alberto Oliveira)

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