sábado, 10 de dezembro de 2011

Dez versos de Amadeu Baptista

Falo com as cabeças de mármore
que interrogam sobre o rumo da viagem.
Tenho poucas palavras para responder.
Hei-de dizer que alguém soberano
me ordenou com a espada e a prata
e que apenas respondo pela minha cabeça,
também ela de mármore imaculado.
As estátuas quedam-se no mais absoluto silêncio
e esperam ler o destino no fundo dos meus olhos,
pura reverberação de pedra despolida.

(in Arte do Regresso; ed. Campo das Letras, 1999)

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