sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"Do poema como contrato social", de José Tolentino Mendonça

Comércio bilingue, o poema precisa da troca,
sobretudo se inútil,
da espontaneidade de poucos, dessa ideia de passagem,
de derrocadas e do silêncio que lhes sucede,
precisa de descendências particularmente radicais
do relâmpago ou de um absurdo ainda maior
para se tornar próximo

O poema é conversa humana
palavra que recuperamos
ao abandonar

(in Estação Central; ed. Assírio & Alvim, 2012)