sábado, 5 de janeiro de 2013

"Lã", de Fernando Guimarães

O rebanho, a aspereza da lã. Recebemo-la nos teares
para a tornar ali macia. Sentimo-la como se envolvesse
o nosso corpo, sem rugas, transparente. Assim
é que traz o calor há muito esperado, contido
nas pregas, no modo como descai e vem tocar
o chão. Mas a sua aspereza existe ainda e com ela
regressa o que desse rebanho era apenas o caminho
que seguimos de longe até crescer mais este tecido.

(in Relâmpago. Revista de Poesia, 29-30; 2012)