domingo, 24 de fevereiro de 2013

Poema VIII, do "Livro I", de Ricardo Reis

Temo, Lídia, o destino. Nada é certo.
Em qualquer hora pode suceder-nos
        O que nos tudo mude.
Fora do conhecido e estranho o passo
Que próprio damos. Graves numes guardam
        As lindas do que é uso.
Não somos deuses; cegos, receemos,
E a parca dada vida anteponhamos
        À novidade, abismo.

(in Poesia; ed. Assírio & Alvim)