sexta-feira, 19 de abril de 2013

Poema de Casimiro de Brito

Respiro. Ar leve. Até parece
que não estou a morrer. A paisagem
precede o caos
por caminhos que ninguém sabe
se são inóspitos ou
hospitaleiros. Vou
na via do amor verdadeiro:
esse que se compara ao salto do mergulhador
que da rocha se lança ao mar. Quem o pode
travar?
Uns dirão: estás entre o chão e a água.
Outros diriam: entre nascer e morrer.
Intranquilo, o corpo respira.
A chuva que vai caindo
talvez conheça um pouco melhor
o caminho, o único caminho.

(in Amar a Vida Inteira; ed. Roma Editora, 2011)