quinta-feira, 4 de julho de 2013

[O sol he grande, caem co a calma as aves], de Vergílio Alberto Vieira

O sol he grande, caem co a calma as aves*
Pelo espaço, lentas, vagas sobre a hora,
Vão na acalmia branca da demora,
Ao fim do dia, calmas, ternas, graves.

No vento passam, leves, e suaves,
Brancas como o tempo, pela tarde fora,
Caem co a calma as aves, logo agora
Ao fim do dia, calmas, ternas, graves.

Ainda à distância, esquece-as o céu
Pelo horizonte onde esperam ir ter
Levadas como sonhos brancos, breves.

Quando da noite cair o negro véu,
Hão-de saber então que vão morrer
No fim do dia, calmas, brancas, leves.

* Verso de Francisco Sá de Miranda.

(in Crescente Branco; ed. Campo das Letras, 2004)