sábado, 28 de março de 2015

[Sem vitória, vives comigo], de Paul Celan

Sem vitória, vives comigo
pequena
e carregada.

Só lá fora, onde
as nossas almas ainda estão, na terra de ninguém,
é que se canta. Canta-se
no brilho
daquilo que passou ao nosso lado.

Nem nuvem, nem estrela – nós
não olhamos para cima.

Chega-te mais, anda:
para que não sopre duas vezes o vento
através da nossa
casa aberta.

(in A Morte É Uma Flor. Poemas do Espólio; trad. João Barrento, ed. Cotovia, 1998)

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